Tem o objetivo de despertar a discussão na Internet através do Site Lausanne Conversa Global de onde extrai o presente artigo.
OVELHA PERDIDA, MOEDAS PERDIDAS, POVOS PERDIDOS
Certo dia, os companheiros de Jesus, coletores de impostos e pecadores, juntaram-se em torno dele para ouvi-lo:?Qual de vocês que, possuindo cem ovelhas, e perdendo uma,… Ou, qual é a mulher que, possuindo dez moedas e, perdendo uma delas… (Lucas 15). Essa multidão não teve problema para entender Jesus. Eles sabiam o que significa estar perdido. Anos mais tarde, em impressionantes visões reveladas na ilha de Patmos, o apóstolo João vê um Cordeiro, parecendo que tinha sido morto, no centro do trono, no céu.Uma espontânea adoração irrompe:?Digno é o Cordeiro que foi morto, e que com o seu sangue comprou para Deus homens de toda tribo, povo, língua e nação (Apocalipse 5).
Certo dia, os companheiros de Jesus, coletores de impostos e pecadores, juntaram-se em torno dele para ouvi-lo:?Qual de vocês que, possuindo cem ovelhas, e perdendo uma,… Ou, qual é a mulher que, possuindo dez moedas e, perdendo uma delas… (Lucas 15). Essa multidão não teve problema para entender Jesus. Eles sabiam o que significa estar perdido. Anos mais tarde, em impressionantes visões reveladas na ilha de Patmos, o apóstolo João vê um Cordeiro, parecendo que tinha sido morto, no centro do trono, no céu.Uma espontânea adoração irrompe:?Digno é o Cordeiro que foi morto, e que com o seu sangue comprou para Deus homens de toda tribo, povo, língua e nação (Apocalipse 5).
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Povos Perdidos: “Um Quarto do Mundo” sem ajuda:
Principalmente budistas, hindus e muçulmanos
Principal contato: S. Kent Parks1
Autores: S. Kent Parks e John Scott
Palavras Chave: povos não alcançados, povos escondidos, Ralph Winter, oralidade,
pobreza bíblica, isolamento, cultura, recursos, etnia, Mateus 24:14, discipulado, plantio de
igreja, transformação, injustiça
Comentário do Editor: Este Documento Avançado de Cape Town 2010 foi escrito por S.
Kent Parks e John Scott com o objetivo de oferecer um panorama do tema a ser discutido
na sessão Multiplex intitulada ?Não Alcançados: ?Um Quarto do Mundo‘ sem ajuda?. Os
comentários sobre este documento feitos através da Conversa Lausanne Global serão
enviados ao autor e a outras pessoas para que se chegue ao formato final a ser apresentado
no Congresso.
OVELHA PERDIDA, MOEDAS PERDIDAS, POVOS PERDIDOS
Certo dia, os companheiros de Jesus, coletores de impostos e pecadores, juntaram-se em
torno dele para ouvi-lo: ?Qual de vocês que, possuindo cem ovelhas, e perdendo uma,...
Ou, qual é a mulher que, possuindo dez moedas e, perdendo uma delas...? (Lucas 15).
Essa multidão não teve problema para entender Jesus. Eles sabiam o que significa estar
perdido.
Anos mais tarde, em impressionantes visões reveladas na ilha de Patmos, o apóstolo João
vê um Cordeiro, parecendo que tinha sido morto, no centro do trono, no céu. Uma
espontânea adoração irrompe: ?Digno é o Cordeiro que foi morto, e que com o seu sangue
comprou para Deus homens de toda tribo, povo, língua e nação? (Apocalipse 5).
O preço com sangue da compra foi pago e na visão celestial Jesus está recebendo a
adoração que Lhe é devida. A obra já está completa.
Como Jesus pretendeu que todos estes perdidos, de toda tribo, língua, povos e nações
descobrissem que Ele já pagou o preço por eles? Nestas histórias sobre ovelha e moedas
perdidas, Jesus lembra que a coisa mais natural que acontece quando perdemos algo é ir
procurar o que se perdeu. Mesmo que, como foi com a ovelha, signifique deixar as
noventa e nove e ir em busca da perdida. Jesus, inclusive, afirma que o Pastor fica ?mais
feliz com aquela que ele encontrou do que com as 99 que não se perderam? (Mateus18:13). Será que assimilamos esta verdade?
A diversidade dos povos ao redor do trono celestial em Apocalipse 5 leva-nos a perguntar:
Se esta rica variedade é o destino da Igreja na eternidade, porque tantas pessoas ainda
não estão presentes na figura da visão de João?
Qual o impacto em nós da ausência deles? Será que já paramos para pensar em o quê
nós, na igreja global estamos perdendo porque tantos não estão presentes?
Quando as prioridades de Jesus para os perdidos e marginalizados são ignoradas pela Sua
Igreja, dois bilhões de pessoas são ignoradas. Quem é este um quarto da população1
Pseudônimo
© The Lausanne Movement 2010
esquecida do mundo?
POVOS ESCONDIDOS – UM QUARTO DA POPULAÇÃO DO MUNDO
ESQUECIDA
No histórico Congresso Lausanne de 1974, Ralph Winter mexeu com o mundo evangélico
ao chamar a atenção para a situação dos ?Povos Escondidos?:
Nossa exaltação com o fato de que em todos os países do mundo já houve
penetração, permitiu que muitos de nós presumíssemos que em todas as
culturas já houve penetração. Este erro de interpretação é um mal tão
disseminado que merece um nome especial. Vamos chamá-lo de ?cegueira
dos povos?—ou seja, cegueira em relação à existência de povos separados
dentro dos países.2
Estes ?povos separados? são, na sua maioria, muçulmanos, hindus e budistas, e incluem
importantes populações urbanas. Eles foram descritos como grupos de povos não
alcançados, povos menos alcançados, e, talvez, a descrição mais precisa e inquietante de
todas: povos ignorados. O Dr. Winter e outros depois dele tentaram iniciar um movimento
global da Igreja envolvendo estes povos. Apesar de todos os trabalhos e discussões, e
conferências, hoje, 36 anos depois, este um quarto esquecido sem acesso ao evangelho
chega a mais de 28% da população mundial3 e 41% de indivíduos no mundo são membros
de um grupo sem igreja viável 4.
Fazendo uma comparação, Bill Gates tinha acabado de se formar no ensino médio e estava
para entrar na Universidade de Haward quando Dr. Winter se pronunciou no Congresso
Lausanee de 1974. Naquele mesmo ano surgiu o primeiro anúncio publicitário de um
computador pessoal, com 1K de memória programável, por $565. Hoje deve haver uns
dois bilhões de computadores em uso operando nas mais remotas regiões, com pelo menos
um milhão de vezes mais memória do que aquele primeiro computador. Quem, em 1974,
poderia imaginar uma mudança tão impressionante como esta?
Por que, da mesma forma não vimos no mesmo período, mudanças do mesmo nível entre
os Povos Não Alcançados? O que aconteceu? Ou mais importante ainda, o que não
aconteceu? E por que não aconteceu?
DESAFIOS
Infelizmente, temos que admitir que as principais razões desta negligência estão dentro da
comunidade cristã global: gastamos a maior parte do tempo e dos recursos com nós
mesmos, ainda sofremos de ?cegueira dos povos?, nossas prioridades são outras, estamos
engajados em batalhas teológicas entre nós mesmos. E para completar, o custo com
pessoal do ministério para estes povos é alto, exige trabalhadores que transponham
barreiras transculturais, linguísticas, sociológicas e religiosas e muitos desses povos
também estão geograficamente distantes. Enfocaremos primeiro estes e outros desafios
externos.
Desafios Externos
Oralidade / Alfabetismo: Mais de um bilhão de adultos no mundo prefere o
2
?The New Macedonia?(A Nova Macedônia) – Congresso Lausanne Sobre Evangelização Mundial, 1974.
3
David Barrett, Todd Johnson e Peter F. Crossing, ?Status of Global Mission, 2005, in Context of 20th and
21st Centuries,? International Bulletin of Missionary Research, Jan. 2005, p. 29.
4
?Joshua Project‘ (Projeto Josué) define um povo não alcançado ou menos alcançado, como aquele povo em
cujo meio não existe comunidade cristãos nativos em número, nem com recursos suficientes para
evangelizar este grupo.
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aprendizado oral. Alguns não têm outra opção. Eles continuam isolados do evangelho,
não por ignorância, mas pela insistência da Igreja com a palavra escrita para
evangelizar e fazer discípulos.
Pobreza bíblica: Enquanto a Igreja continua concentrada em alcançar as populações
majoritárias que são semelhantes à de seus membros, muitos grupos de povos ainda
não ouviram as boas novas de Jesus Cristo em sua própria língua. A lingua não é
apenas uma forma de entendimento — a identidade de muitos grupos de povos está
inserida dentro da sua língua. E onde existem traduções, até em vários formatos, a
distribuição costuma ser ineficiente, principalmente fora do Norte Global.
Cultura/Sociedade: A resistência às influências externas isola as culturas impedindo
intrusões infrutíferas e ao mesmo tempo, barra as verdades libertadoras do evangelho.
Além disso, mensageiros transculturais mal treinados, às vezes criam no seu público alvo,
uma prevenção contra o evangelho por causa dos seus métodos. O que parece ser
resistência ao evangelho e rejeição a Jesus pode ser simplesmente uma reação à
abordagem feita.
Frequentemente, como igreja, estamos cegos para nossas próprias falhas culturais e
injustiças, e nos concentramos nas falhas de outras culturas ao nosso redor. Geralmente
não temos disposição para transpor barreiras culturais por causa da nossa acomodação e da
nossa própria cultura, ou por causa do nosso preconceito contra comunidades que são
diferentes de nós.
Isolamento Político: Há governos que restringem ou proíbem a evangelização de seus
cidadãos e perseguem os crentes dentro do país. Em um país do Oriente Médio, são
oferecidas recompensas para qualquer pessoa que denunciar um grupo de oração, e com
frequências os trabalhadores missionários ficam impossibilitados de se aproximar das
pessoas a quem desejam servir.
Isolamento Religioso: É comum autoridades religiosas individuais ou comunidades
religiosas fazerem tudo o que podem para impedir que seus membros estejam em
contato com cristãos e com sua mensagem. Na Somália, pessoas colocam suas vidas
em perigo quando se interessam em ouvir as transmissões de programas cristãos pelo
rádio.
Isolamento Geográfico: Muitos grupos, por exemplo, os tibetanos e nômades, têm pouca
comunicação com o mundo exterior o que dificulta o envio e apoio a missionários
transculturais e, além disso, condições naturais como o clima, impedem esses
missionários de viver em uma determinada área por um período de tempo mais longo.
Devido à ideia predominante na igreja, da necessidade de instalações (sedes, escritórios)
e programas fixos, povos nômades representam um desafio singular. Vejam as palavras
de um pastor de camelos, somálio, na África Oriental: ?Quando você conseguir colocar
sua igreja no lombo do meu camelo, aí eu vou acreditar que o cristianismo é importante
para nós?.
Perseguição e Terrorismo: Terrorismo e fundamentalismo religioso representam
imensos desafios para a propagação do evangelho. A perseguição aos cristãos resulta na
morte de mais de 165 mil crentes todo ano (500 por dia). Embora muitos cristãos sejam
fiéis ao chamado do seu Senhor, diante de tal perseguição, outros, com medo, recuam.
Isolamento Social: O sistema de castas no Sul da Ásia é um exemplo de isolamento
social. A pobreza econômica também é uma espada de dois gumes: as necessidades do
povo são devastadoras e as condições de vida constituem um desafio pessoal para os
trabalhadores cristãos.
Migração: Hoje, mais de 30 milhões de refugiados politicos (o correspondente às
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populações de Uganda ou do Peru) estão recolocados dentro de seus próprios países e
mais de 100 milhões fugiram para outros países. O numero de refugiados econômicos
atinge a ordem de milhões.
Desafios Internos dentro do Corpo de Cristo
Além destes desafios externos, e dos internos aqui mencionados – ?cegueira dos povos?,
falta de prioridade para os Povos Não Alcançados e o alto custo de pessoal do ministério –
outros fatores prejudiciais são:
Mau uso dos recurso de Deus. Os cristãos ainda dão apenas 1% do seu dinheiro para as
causas cristãs. Desse dinheiro doado para causas cristãs, 95% é gasto na Igreja. Menos de
1% é usado para alcançar 28% do mundo sem acesso ao evangelho. 90% dos missionários
trabalham entre os 33% do mundo que declara ser cristão. Apenas 24% de testemunhas
cristãs transculturais serve a estes 28%.
Conscientização é confundida com progresso: À medida que a igreja mundial toma
maior conhecimento dos povo não alcançados, a ?Janela 10/40?, ?Mundo A? e redes
orientadas a dados, tal como o movimento AD 2000, alguns presumem erroneamente que
as necessidades desses povos já foram atendidas. Outros acham que os números são
exagerados –– não é possível que haja tantos Povos Não Alcançados. Outros ainda,
cansaram se da mensagem e manifestam desejo de seguir adiante para algo que seja
supostamente mais importante.
Interpretação errada de “ethne”
Jesus mandou que façamos discípulos de todo ethne. O poder da imagem ethne (grupo de
povo) para enfocar o pensamento estratégico começou a ser usado para redefinir todos os
tipos de camadas da sociedade como ?grupo de povos?. Assim, jovens, deficientes,
prostitutas ou motoristas de taxi em certas cidades (que são na verdade segmentos ou uma
camada da sociedade) começam a ser definidos como ?grupos de povos?. Mas esta
definição não é realmente uma ethne. Um entendimento melhor do termo ethne
corresponderia a um grupo étnico-linguístico/étnico-cultural, que inclui as várias camadas
dos jovens, urbano, rural, rico, pobre, deficiente, etc.
Cultura “cristã” diferente de verdade do Evangelho
Muitos escritores afirmam que povos perdidos frequentemente rejeitam nossas armadilhas
para o evangelho como se rejeitassem a Cristo. Jesus está tão escondido dentro do nosso
pacote cultural e teológico (incluindo o materialismo, o farisaísmo, o
denominacionalismo, etc.) que aparentemente eles não têm a menor chance de ouvir o
evangelho básico. Um dos principais desafios na evangelização dos não alcançados é estar
disposto a abrir mão da bagagem cristã étnica e cultural na luta por um padrão da verdade
biblicamente necessária para anunciar o evangelho e fazer discípulos dos não alcançados.
Batalhas teológicas entre nós mesmos: Diferentes perspectivas sobre evangelismo e
escatologia têm trazido concepções erradas e divisões para a comunidade cristã,
ocasionando gastos de energia que poderia ser usada para o ministério. A maioria dos que
trabalham em missões concordam que ?palavra? e ?obras? devem andar de mãos dadas.5
Entretanto, na falta de diálogo que leve a um entendimento mútuo, diferentes opiniões
sobre como seria isso na prática, geram caricaturas inúteis6 de todos os lados da conversa.
5
E muitos acrescentariam também ?maravilhas?.
6
Caricaturas são criadas quando características específicas ou peculiaridades de qualquer questão são
exageradas, produzindo um efeito obviamente tolo ou grotesco.
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O que significa dar testemunho das Boas Novas? Frequentemente, aquelas pessoas
concentrados na urgência para apresentar a mensagem verbal de salvação caracterizam-se
por promover um evangelho exageradamente simplista e truncado, enquanto aqueles
concentrados na prioridade da justiça e renovação social são vistos como se desviando da
principal tarefa que Jesus deu a seus discípulos, de apresentar a mensagem de salvação
pessoal.
Diferentes visões escatológicas seguem o mesmo viés. Alguns tomam Mateus 24:14 como
base para a construção da teologia e da estratégia missionária: ?E este evangelho do Reino
será pregado em todo mundo como testemunho a todas as nações, e então virá o fim?. Para
estes, a pergunta fundamental é: O que podemos fazer para evangelizar o mundo mais
rapidamente e apressar a volta do Senhor? Outros estão cansados do que parece ser
ministério e teologia simplistas, e questionam se podemos apressar a volta do Senhor com
nossos esforços. Estes também questionam se grandes estratégias para evangelizar o
mundo são lideradas pelo Espírito Santo ou por um espírito empreendedor. Alguns não
conseguem imaginar o exercício do ministério sem contextualização e reflexão teológicas
corretas, enquanto outros questionam se tanta teoria resulta em ação.
UM CAMINHO ADIANTE
Se urgência estiver relacionada apenas a tempo, e evangelismo estiver restrito a
proclamação verbal, com certeza está errado.Se urgência estiver relacionada a questões
sociais e de justiça e evangelismo estiver restrito a obras, também não está correto. Mas
existe um caminho que oferece uma síntese significativa, construída sobre as seguintes
convicções:
Mateus 24:14 é uma declaração do que Deus fará e do que acontecerá quando o
corpo de Cristo for obediente. Deus procura pessoas que estejam na linha de frente com
Ele no cumprimento do Seu plano. Mas nossa desobediência pode atrasar este
cumprimento. Israel experimentou isso com os 10 espias e os 40 anos de atraso causados
pela desobediência deles, gerada pela timidez e rebelião.
Deste modo, discipulado baseado na obediência é essencial. A não ser que a produção
de congregações de discípulos obedientes seja para ajudar a transformar a sociedade,
nossos esforços não são apenas errados, mas eles são falsos. O mandamento de Jesus é
para fazer discípulos de grupos de povos (ethne), não para criar clubes que se reúnem aos
domingos.
Embora o processo de discipulado seja sempre custoso, e leve uma vida inteira para ser
totalmente desenvolvido, mudanças reais podem começar rapidamente, à medida que os
seguidores são ensinados a obedecer em palavra e ação nas suas comunidades. Na China,
Sul da Ásia e África surgiram movimentos eficientes, rápidos, profundos e
transformadores. (veja abaixo)
O chamado do Espírito é para servi-lo com amplitude, mesmo que cada um de nós o
sirva num pequeno ambiente . Deus é um Deus de ordem e é capaz de liderar pequenos e
grandes planejamentos. Entretanto, qualquer plano que não seja inspirado pelo Espírito
Santo é inútil.
Na essência, o fato do “um quarto do mundo esquecido” estar deixando de viver a
alegria e o amor de Jesus por mais um dia, deve criar em nós um senso de urgência.
A nossa urgência vem do fato de que amamos Jesus tão profundamente que queremos
apresentá-lo para todos os grupos de povos o mais rápido possível –– para que tenham
acesso à vida abundante que existe em Jesus agora e na eternidade e para que saiam dessa
© The Lausanne Movement 2010
vida enfraquecida e fútil que é viver sem Ele (Efésios 4.19).
Lições Sendo Aprendidas
O desafio de atingir estes Povos Não Alcançados é muito grande. Alguns têm repensado
radicalmente sobre suas abordagens e orado fervorosamente por inovações que levem a
um discipulado profundo, transformador e que atinja a comunidade. Algumas das lições
aprendidas a partir dessas novas abordagens para ministrar entre os menos alcançados são
contraintuitivas e desafiam a sabedoria missiológica convencional7.
1. Aquelas que parecem ser as pessoas erradas com quem se deve começar podem
ser as pessoas certas
Vá devagar para poder ir rápido.
Focalize em poucos (ou em um) para ganhar muitos
Sem evangelismo pessoal para que muitos ouçam. Sem evangelismo em massa
para que as massas ouçam.
Compartilhe apenas quando e onde as pessoas estiverem prontas para ouvir.
Uma pessoa de dentro, nova e inexperiente,é mais eficiente do que uma pessoas
que vem de fora, altamente treinada e madura.
2. Confie que as Escrituras falam (mesmo entre aqueles que não têm histórico
bíblico)
Comece com a Criação e não com Cristo.
O importante é descobrir, não pregar nem ensinar.
A obediência é mais importante do que o conhecimento.
3. Confie nas pessoas comuns para fazer coisas incomuns
Discipule para converter e não converta para discipular.
Concentre-se em pessoas comuns, não em cristãos vocacionados ou profissionais.
Deixe o perdido liderar os estudos bíblicos.
4. Espere resultados através da multiplicação e não da adição
A melhor hora para uma igreja plantar uma igreja nova é quando ela é nova.
Prédios matam o plantio da igreja.
5. Espere vir dos lugares mais difíceis os melhores resultados
Refletir sobre essas lições pode capacitar-nos como representantes do Corpo global de
Cristo para sermos catalisadores em ministérios eficazes no meio dos Povos Não
Alcançados do Mundo. Ao considerarmos o nosso próprio contexto, quais dessas lições
contraintuitivas podem ser adaptadas e aplicadas aos ministérios nos quais já estamos
envolvidos?
Movimentos Transformacionais para Cristo
O resultado da aplicação dessas lições é que coisas maravilhosas estão acontecendo entre
os povos menos alcançados, principalmente na China, Sul da Ásia e África. Deus está
levantando grupos multiplicadores de pessoas que obedecem a Cristo, os quais estão
transformando suas comunidades, sobre as quais não pesam custos com a manutenção de
programas, de prédios e administrativos. Mais de 100 destes movimentos surgiram nos
7
These counterintuitive statements from various Church Planting Movements around the world have been
compiled by David Watson. We hope to have a fuller document available soon: “Counter-Intuitive Lessons
Learned from Least-Reached Peoples.”
© The Lausanne Movement 2010
últimos anos.
Estes movimentos centrados em Cristo, também chamados de Movimentos de Plantio
de Igrejas (Church Planting Movements-CPMs), combinam todos os aspectos do
evangelho — transformação social abrangente, divulgação verbal do Evangelho,
discipulado baseado na obediência, milagres, adoração e outros. Por exemplo, em
alguns lugares da América Latina, as igrejas em células iniciaram oferecendo
assistência médica, social e educacional, que não era suprida pelos governos. (Jenkins,
The Next Christendom).
Três características destes movimentos são: reprodutibilidade, malha sinérgica de
ministérios e sacrifício e dificuldade (ver Garrison, Church Planting Movements-
Movimentos de Plantio de Igrejas). Quando testemunhas transculturais entram em um
grupo e as pessoas respondem, surgem novas congregações de discípulos, geralmente
reunindo-se em lares. Estas congregações são ensinadas a obedecer às Escrituras, a
iniciar novas congregações e a ministrar em suas comunidades e além delas. Os
discípulos que emergem são treinados para ser líderes em suas congregações e
comunidades, e a começar a treinar outros líderes imediatamente que, por sua vez,
treinarão outros líderes. Para mais informações sobre as características dos
movimentos transformacionais de plantio de igreja amplamente documentados em
vários contextos espalhados pelo globo, leia os artigos abaixo:
• ?Church planting movements defined?
(Movimentos de Plantio de Igrejas Definidos)
• ?World A, B & C?
(Mundo A, B e C)
• ?Church planting movements: 10 universals, 10 common elements, 7 killers?
(Movimentos de Plantio de Igrejas: 10 universais, 10 elementos comuns, 7
letais)
• ?Church planting movements then and now?
(Movimentos de Plantio de Igrejas como eram e como são)
O que Deus Está Fazendo no Mundo Hindu
(2622 Povos Não Alcançados, 987 milhões de pessoas8)
Nepal: A mais recente inovação no Nepal, que transpõe grandes barreiras em todo o país é
uma das obras maravilhosas de Deus. Não há registro de nenhum crente em 1950. A
primeira igreja foi formada em 1959 com 29 fiéis9; em 1970, havia aproximadamente
7.400 cristãos10, em 1985 havia cerca de 50 mil crentes. No auge da perseguição em 1990
havia 200 mil11, 574 mil em 2000; 904 mil em 2010.12
Índia: Em um lugar historicamente conhecido como ?cemitério missionário?, um
movimento de plantio de igrejas entre o povo Bhojpuri há mais de 20 anos resultou em
mais de 80 mil novas igrejas e 4 milhões de crentes obedientes13batizados, .
8 Joshua Project (www.joshuaproject.net/great-commission-statistics.php)
9 Operation World (www.operationworld.org/country/nepa/owtext.html)
10 World Christian Database
11 Operation World (www.operationworld.org/country/nepa/owtext.html)
12 World Christian Database
13
A Survey and Analysis of the Bhojpuri Church Planting Movement in Uttar Pradesh and Bihar, Northern
India, October 2008. Esta foi uma pesquisa conjunta organizada por CityTeam, Asian Partners, IMB, OM e
outros parceiros locais.
© The Lausanne Movement 2010
Estado Madhya Pradesh, na Índia: um movimento de plantio de igrejas produziu 4.000
congregações em sete anos14.
O Que Deus está fazendo no mundo budista (575 Povos Não Alcançados ou Perdidos,
617 milhões de indivíduos)15
Mongólia: Em 1989 talvez fossem encontrados apenas quatro ex-budistas. Um
movimento de plantio de igreja em 1990 no interior da Mongólia produziu mais de
10.000 seguidores de Jesus, enquanto um movimento subsequente na parte central da
Mongólia resultou em mais de 50.000 novos convertidos16.
Tailândia: Na Tailândia central um trabalhador iniciou um desenvolvimento comunitário e
econômico e deu continuidade com o plantio intencional de igreja, liderando o início da
transformação na comunidade local.
O que Deus está fazendo na China
Em 1949 havia aproximadamente 1.5 milhão de protestantes na China. Hoje é provável
que haja mais de 100 milhões ou mais de cristãos 17, que cresceram em número através
do sacrifício e compromisso deles, de compartilhar sua fé, oração e adoração, apesar
da perseguição.
Na província de Henan, seguidores de Cristo cresceram do número total de um milhão
para mais de cinco milhões em apenas oito anos18.
No sul da China, um movimento de plantio de igreja produziu mais de 90.000
batizados em 920 igrejas nos lares, em um período de oito anos 19.
Em 2001, um novo movimento de plantio de igrejas surgiu, originando 48.000 novos
convertidos em 1.700 novas igrejas em um ano 20.
O que Deus está fazendo na África21
No ultimo século, o número de convertidos aumentou de nove milhões para mais de
360 milhões.
A cada mês, aproximadamente 1.200 novas igrejas são iniciadas na África.
Em oito meses, 28 evangelistas etíopes levaram 681 pessoas a Cristo e iniciaram 83
novas igrejas.
Hoje, depois de anos de resistência ao evangelho, cerca de 90.000 dos 600.000 masais
do Quênia são seguidores de Jesus Cristo.
O que Deus está fazendo no mundo muçulmano (3354 Povos Perdidos ou Não
Alcançados, 1.46 bilhões de indivíduos22)
14
David Garrison, Church Planting Movements, How God Is Redeeming a Lost World, (Midlothian, VA:
Wigtake Press, 2004), 36.
15 Joshua Project (www.joshuaproject.net/great-commission-statistics.php)
16 Garrison, 68.
17
World Christian Database (Banco de Dados Cristão Mundial) registra 114 milhões de cristãos na China
em 2010.
18
19
Garrison, 53
Ibid., 49
20 Ibid.
21 Ibid., 85
22 Joshua Project (www.joshuaproject.net/great-commission-statistics.php)
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Turquia: Em 1960 têm-se conhecimento de que havia 10 convertidos. No ano de 2000
havia aproximadamente 2.000. O World Christian Database aponta 14.000 convertidos em
2010 23. Embora muitos vejam abertura, ainda existe um longo caminho até lá.
Bangladesh: De 1998 a 2003, o Movimento Isa Jamaat produziu mais de 250.000
convertidos com histórico muçulmano adorando em aproximadamente 8.000 igrejas
contextualizadas.24
Península Árabe: Desde que se iniciaram os esforços de Samuel Zwemer em 1890, os
progressos nesta área foram lentos. Orações por esta área desde 1990 trouxeram algum
resultado. Apesar dos desafios, existe um número estimado de mais de74.000 convertidos
na Península Árabe 25.
PARE A INJUSTIÇA ESPIRITUAL
Embora estas histórias seja encorajadoras, mais de um quarto dos povos do mundo ainda
não tiveram oportunidade de ouvir a mensagem do amor de Deus e vê-lo colocado na
prática. Poderíamos chamar pura e simplesmente de ?injustiça espiritual?, esta falta de
resposta da nossa parte, que leva a sofrimento e desesperança desnecessários da parte
deles,? Hoje, muitos Povos Perdidos não têm nenhuma escolha no que se refere ao
evangelho. Mas, mesmo assim, eles ainda têm que seguir Aquele que disse: ?Siga-me?.
Não porque eles tenham rejeitado o chamado dEle, porque eles nunca ouviram sobre o
evangelho.
Quando alguém desaparece, principalmente crianças e jovens, toda a comunidade se
mobiliza na busca pelo perdido. Por que isso não acontece com todos estes Povos
Perdidos? O que dizer das prioridades da Igreja global, quando 3% dos trabalhadores e
menos de 1% dos recursos para missões são investidos na busca pelos Povos Perdidos?
A maioria das pessoas se converte através do relacionamento com alguém que conhece e
em quem confia. Entretanto, de 10 muçulmanos, hindus e budistas, mais de 8 não
conhecem pessoalmente, um único seguidor de Cristo Quais são as implicações disso para
o Reino? Cada dia que passa sem alcançarmos com amizade estas Pessoas Perdidas,
significa que elas estão perdendo a oportunidade que todos nós já temos — de conhecer
Jesus pessoalmente, ser cheio da Sua alegria e paz, ter o Espírito Santo dentro de nós, ter
vida abundante e o Seu poder para ajudar a mudar a sociedade.
Imagine o impacto, se em vez de apenas continuar justificando nossas arenas de atuação
ministerial, investíssemos nossas energias combinadas para combater essa injustiça e
disséssemos: ?Sim, nós, como igreja mundial não vamos permitir que isto continue.?
PERDIDOS E ACHADOS? AINDA NÃO!
Vocês se lembram da visão que o Apóstolo João teve do Cordeiro que foi morto? Mais
tarde ele teve outra visão, de uma ?grande multidão... de todas as nações, tribos, povos e
línguas, em pé, diante do trono e do Cordeiro... e o servem dia e noite em seu santuário, e
aquele que está assentado no trono estenderá sobre eles o seu tabernáculo. Nunca mais
terão fome, nunca mais terão sede. Não os afligirá o sol, nem qualquer calor abrasador,
pois o Cordeiro que está no centro do trono será o seu Pastor, Ele os guiará às fontes de
água viva. E Deus enxugará dos seus olhos toda lágrima? (Apocalipse 7:9-17)
Que figura linda! Mas vocês perceberam o trauma que precede o triunfo tão poderoso
23
24
25
World Christian Database
Kevin Greeson, Camel Training Manual, (Midlothian, VA:Wigtake Press, 2004), 12
World Christian Database
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desta visão? Essas pessoas estavam com fome e com sede. Eles não tinham alimento nem
água limpa suficientes. O sol os tinha abatido com calor causticante. Eles estavam sem
proteção dos elementos da natureza. Eles não tinham pastor para levá-los para águas
frescas. Eles tiveram muito porque chorar. Essa é uma descrição impactante dos Povos
Perdidos do mundo de hoje.
Leia novamente as palavras de Ralph Winter no Primeiro Congresso Lausanne de 1974:
Devemos fazer novos esforços radicais de evangelismo transcultural para
efetivamente testemunhar para 2387 milhões de pessoas. Não podemos crer
que continuaremos virtualmente ignorando esta alta prioridade.26
Não podemos nos dar ao luxo de continuar ignorando estas pessoas. Mas é exatamente
isso o que tem acontecido. Depois de 36 anos, aqueles mesmos grupos continuam sendo
Povos Perdidos.
No último grande encontro Lausanne, no Fórum de 2004 em Pattaya, na Tailândia, os
participantes afirmaram que:
Grandes esforços da igreja devem ser dirigidos para aqueles que não têm
acesso ao evangelho. O compromisso de estabelecer igrejas
autossustentáveis em 6000 povos não alcançados continua sendo uma
prioridade central. [destaque nosso]
O que podemos dizer hoje se nosso ?compromisso de ajudar a estabelecer igrejas
autossustentáveis em 6000 grupos de povos não alcançados? teve um impacto tão baixo no
nosso comportamento ou nessas comunidades?
O que é necessário para que façamos desta, a nossa verdadeira prioridade central de
missão no movimento Lausanne e na igreja mundial? Que tipo de compromisso estamos
dispostos a assumir — individual, organizacional, regional ou coletivo?
O que é necessário para recolocarmos os recursos disponíveis que temos para que estes
Povos Perdidos não tenham mais que passar pela desesperança e vida sem Cristo agora e
na eternidade? Quais relacionamentos, habilidades, capacidades, intercessões e influências
estamos dispostas a assumir?
E finalmente, o que é necessário para que façamos deste, o último Congresso Lausanne
no qual precisemos dar ênfase aos Povos Perdidos? Não porque desistimos ou viramos as
costas para eles, mas porque não são mais perdidos e tomaram o seu lugar ao redor do
trono para servir ao nosso Deus.
Os dois bilhões de pessoas que compõem este grupo não sabem que estão perdidos, mas
Jesus o sabe. Ele conhece cada um pelo nome e convida-nos a unirmo-nos a Ele em
lugares como Índia, Paquistão, China, Nepal e Bangladesh, onde vive a maior
concentração de povos não alcançados — transpondo barreiras transculturais, linguísticas,
desconforto e perigo e a grande distância, para sermos amigos deles e compartilharmos
com eles as boas novas do Reino.
Por que deveríamos fazer isto?
Não por que é nosso dever,
Apesar de ser.
Não porque vai trazer vida eternal para muitos,
Apesar de que trará.
Não porque dará melhores condições de vida ao pobre,
26
?The New Macedonia,? Lausanne Conference on World Evangelization, 1974.
© The Lausanne Movement 2010
Apesar de que dará.
Não porque promoverá mais estabilidade às instituições mundiais,
Apesar de promover.
Não porque melhorará a mordomia ambiental,
Apesar de melhorar.
Não porque seremos recompensados,
Apesar de que seremos.
Devemos discipular as nações porque Jesus é digno de receber deles honra, glória e
louvor.” (Apocalipse 5:12 e 7:9)
From Joshua Project, ?Status of World Evangelization – 2004
(do Projeto Josué, Status da Evangelização Mundial – 2004)
Principalmente budistas, hindus e muçulmanos
Principal contato: S. Kent Parks1
Autores: S. Kent Parks e John Scott
Palavras Chave: povos não alcançados, povos escondidos, Ralph Winter, oralidade,
pobreza bíblica, isolamento, cultura, recursos, etnia, Mateus 24:14, discipulado, plantio de
igreja, transformação, injustiça
Comentário do Editor: Este Documento Avançado de Cape Town 2010 foi escrito por S.
Kent Parks e John Scott com o objetivo de oferecer um panorama do tema a ser discutido
na sessão Multiplex intitulada ?Não Alcançados: ?Um Quarto do Mundo‘ sem ajuda?. Os
comentários sobre este documento feitos através da Conversa Lausanne Global serão
enviados ao autor e a outras pessoas para que se chegue ao formato final a ser apresentado
no Congresso.
OVELHA PERDIDA, MOEDAS PERDIDAS, POVOS PERDIDOS
Certo dia, os companheiros de Jesus, coletores de impostos e pecadores, juntaram-se em
torno dele para ouvi-lo: ?Qual de vocês que, possuindo cem ovelhas, e perdendo uma,...
Ou, qual é a mulher que, possuindo dez moedas e, perdendo uma delas...? (Lucas 15).
Essa multidão não teve problema para entender Jesus. Eles sabiam o que significa estar
perdido.
Anos mais tarde, em impressionantes visões reveladas na ilha de Patmos, o apóstolo João
vê um Cordeiro, parecendo que tinha sido morto, no centro do trono, no céu. Uma
espontânea adoração irrompe: ?Digno é o Cordeiro que foi morto, e que com o seu sangue
comprou para Deus homens de toda tribo, povo, língua e nação? (Apocalipse 5).
O preço com sangue da compra foi pago e na visão celestial Jesus está recebendo a
adoração que Lhe é devida. A obra já está completa.
Como Jesus pretendeu que todos estes perdidos, de toda tribo, língua, povos e nações
descobrissem que Ele já pagou o preço por eles? Nestas histórias sobre ovelha e moedas
perdidas, Jesus lembra que a coisa mais natural que acontece quando perdemos algo é ir
procurar o que se perdeu. Mesmo que, como foi com a ovelha, signifique deixar as
noventa e nove e ir em busca da perdida. Jesus, inclusive, afirma que o Pastor fica ?mais
feliz com aquela que ele encontrou do que com as 99 que não se perderam? (Mateus18:13). Será que assimilamos esta verdade?
A diversidade dos povos ao redor do trono celestial em Apocalipse 5 leva-nos a perguntar:
Se esta rica variedade é o destino da Igreja na eternidade, porque tantas pessoas ainda
não estão presentes na figura da visão de João?
Qual o impacto em nós da ausência deles? Será que já paramos para pensar em o quê
nós, na igreja global estamos perdendo porque tantos não estão presentes?
Quando as prioridades de Jesus para os perdidos e marginalizados são ignoradas pela Sua
Igreja, dois bilhões de pessoas são ignoradas. Quem é este um quarto da população1
Pseudônimo
© The Lausanne Movement 2010
esquecida do mundo?
POVOS ESCONDIDOS – UM QUARTO DA POPULAÇÃO DO MUNDO
ESQUECIDA
No histórico Congresso Lausanne de 1974, Ralph Winter mexeu com o mundo evangélico
ao chamar a atenção para a situação dos ?Povos Escondidos?:
Nossa exaltação com o fato de que em todos os países do mundo já houve
penetração, permitiu que muitos de nós presumíssemos que em todas as
culturas já houve penetração. Este erro de interpretação é um mal tão
disseminado que merece um nome especial. Vamos chamá-lo de ?cegueira
dos povos?—ou seja, cegueira em relação à existência de povos separados
dentro dos países.2
Estes ?povos separados? são, na sua maioria, muçulmanos, hindus e budistas, e incluem
importantes populações urbanas. Eles foram descritos como grupos de povos não
alcançados, povos menos alcançados, e, talvez, a descrição mais precisa e inquietante de
todas: povos ignorados. O Dr. Winter e outros depois dele tentaram iniciar um movimento
global da Igreja envolvendo estes povos. Apesar de todos os trabalhos e discussões, e
conferências, hoje, 36 anos depois, este um quarto esquecido sem acesso ao evangelho
chega a mais de 28% da população mundial3 e 41% de indivíduos no mundo são membros
de um grupo sem igreja viável 4.
Fazendo uma comparação, Bill Gates tinha acabado de se formar no ensino médio e estava
para entrar na Universidade de Haward quando Dr. Winter se pronunciou no Congresso
Lausanee de 1974. Naquele mesmo ano surgiu o primeiro anúncio publicitário de um
computador pessoal, com 1K de memória programável, por $565. Hoje deve haver uns
dois bilhões de computadores em uso operando nas mais remotas regiões, com pelo menos
um milhão de vezes mais memória do que aquele primeiro computador. Quem, em 1974,
poderia imaginar uma mudança tão impressionante como esta?
Por que, da mesma forma não vimos no mesmo período, mudanças do mesmo nível entre
os Povos Não Alcançados? O que aconteceu? Ou mais importante ainda, o que não
aconteceu? E por que não aconteceu?
DESAFIOS
Infelizmente, temos que admitir que as principais razões desta negligência estão dentro da
comunidade cristã global: gastamos a maior parte do tempo e dos recursos com nós
mesmos, ainda sofremos de ?cegueira dos povos?, nossas prioridades são outras, estamos
engajados em batalhas teológicas entre nós mesmos. E para completar, o custo com
pessoal do ministério para estes povos é alto, exige trabalhadores que transponham
barreiras transculturais, linguísticas, sociológicas e religiosas e muitos desses povos
também estão geograficamente distantes. Enfocaremos primeiro estes e outros desafios
externos.
Desafios Externos
Oralidade / Alfabetismo: Mais de um bilhão de adultos no mundo prefere o
2
?The New Macedonia?(A Nova Macedônia) – Congresso Lausanne Sobre Evangelização Mundial, 1974.
3
David Barrett, Todd Johnson e Peter F. Crossing, ?Status of Global Mission, 2005, in Context of 20th and
21st Centuries,? International Bulletin of Missionary Research, Jan. 2005, p. 29.
4
?Joshua Project‘ (Projeto Josué) define um povo não alcançado ou menos alcançado, como aquele povo em
cujo meio não existe comunidade cristãos nativos em número, nem com recursos suficientes para
evangelizar este grupo.
© The Lausanne Movement 2010
aprendizado oral. Alguns não têm outra opção. Eles continuam isolados do evangelho,
não por ignorância, mas pela insistência da Igreja com a palavra escrita para
evangelizar e fazer discípulos.
Pobreza bíblica: Enquanto a Igreja continua concentrada em alcançar as populações
majoritárias que são semelhantes à de seus membros, muitos grupos de povos ainda
não ouviram as boas novas de Jesus Cristo em sua própria língua. A lingua não é
apenas uma forma de entendimento — a identidade de muitos grupos de povos está
inserida dentro da sua língua. E onde existem traduções, até em vários formatos, a
distribuição costuma ser ineficiente, principalmente fora do Norte Global.
Cultura/Sociedade: A resistência às influências externas isola as culturas impedindo
intrusões infrutíferas e ao mesmo tempo, barra as verdades libertadoras do evangelho.
Além disso, mensageiros transculturais mal treinados, às vezes criam no seu público alvo,
uma prevenção contra o evangelho por causa dos seus métodos. O que parece ser
resistência ao evangelho e rejeição a Jesus pode ser simplesmente uma reação à
abordagem feita.
Frequentemente, como igreja, estamos cegos para nossas próprias falhas culturais e
injustiças, e nos concentramos nas falhas de outras culturas ao nosso redor. Geralmente
não temos disposição para transpor barreiras culturais por causa da nossa acomodação e da
nossa própria cultura, ou por causa do nosso preconceito contra comunidades que são
diferentes de nós.
Isolamento Político: Há governos que restringem ou proíbem a evangelização de seus
cidadãos e perseguem os crentes dentro do país. Em um país do Oriente Médio, são
oferecidas recompensas para qualquer pessoa que denunciar um grupo de oração, e com
frequências os trabalhadores missionários ficam impossibilitados de se aproximar das
pessoas a quem desejam servir.
Isolamento Religioso: É comum autoridades religiosas individuais ou comunidades
religiosas fazerem tudo o que podem para impedir que seus membros estejam em
contato com cristãos e com sua mensagem. Na Somália, pessoas colocam suas vidas
em perigo quando se interessam em ouvir as transmissões de programas cristãos pelo
rádio.
Isolamento Geográfico: Muitos grupos, por exemplo, os tibetanos e nômades, têm pouca
comunicação com o mundo exterior o que dificulta o envio e apoio a missionários
transculturais e, além disso, condições naturais como o clima, impedem esses
missionários de viver em uma determinada área por um período de tempo mais longo.
Devido à ideia predominante na igreja, da necessidade de instalações (sedes, escritórios)
e programas fixos, povos nômades representam um desafio singular. Vejam as palavras
de um pastor de camelos, somálio, na África Oriental: ?Quando você conseguir colocar
sua igreja no lombo do meu camelo, aí eu vou acreditar que o cristianismo é importante
para nós?.
Perseguição e Terrorismo: Terrorismo e fundamentalismo religioso representam
imensos desafios para a propagação do evangelho. A perseguição aos cristãos resulta na
morte de mais de 165 mil crentes todo ano (500 por dia). Embora muitos cristãos sejam
fiéis ao chamado do seu Senhor, diante de tal perseguição, outros, com medo, recuam.
Isolamento Social: O sistema de castas no Sul da Ásia é um exemplo de isolamento
social. A pobreza econômica também é uma espada de dois gumes: as necessidades do
povo são devastadoras e as condições de vida constituem um desafio pessoal para os
trabalhadores cristãos.
Migração: Hoje, mais de 30 milhões de refugiados politicos (o correspondente às
© The Lausanne Movement 2010
populações de Uganda ou do Peru) estão recolocados dentro de seus próprios países e
mais de 100 milhões fugiram para outros países. O numero de refugiados econômicos
atinge a ordem de milhões.
Desafios Internos dentro do Corpo de Cristo
Além destes desafios externos, e dos internos aqui mencionados – ?cegueira dos povos?,
falta de prioridade para os Povos Não Alcançados e o alto custo de pessoal do ministério –
outros fatores prejudiciais são:
Mau uso dos recurso de Deus. Os cristãos ainda dão apenas 1% do seu dinheiro para as
causas cristãs. Desse dinheiro doado para causas cristãs, 95% é gasto na Igreja. Menos de
1% é usado para alcançar 28% do mundo sem acesso ao evangelho. 90% dos missionários
trabalham entre os 33% do mundo que declara ser cristão. Apenas 24% de testemunhas
cristãs transculturais serve a estes 28%.
Conscientização é confundida com progresso: À medida que a igreja mundial toma
maior conhecimento dos povo não alcançados, a ?Janela 10/40?, ?Mundo A? e redes
orientadas a dados, tal como o movimento AD 2000, alguns presumem erroneamente que
as necessidades desses povos já foram atendidas. Outros acham que os números são
exagerados –– não é possível que haja tantos Povos Não Alcançados. Outros ainda,
cansaram se da mensagem e manifestam desejo de seguir adiante para algo que seja
supostamente mais importante.
Interpretação errada de “ethne”
Jesus mandou que façamos discípulos de todo ethne. O poder da imagem ethne (grupo de
povo) para enfocar o pensamento estratégico começou a ser usado para redefinir todos os
tipos de camadas da sociedade como ?grupo de povos?. Assim, jovens, deficientes,
prostitutas ou motoristas de taxi em certas cidades (que são na verdade segmentos ou uma
camada da sociedade) começam a ser definidos como ?grupos de povos?. Mas esta
definição não é realmente uma ethne. Um entendimento melhor do termo ethne
corresponderia a um grupo étnico-linguístico/étnico-cultural, que inclui as várias camadas
dos jovens, urbano, rural, rico, pobre, deficiente, etc.
Cultura “cristã” diferente de verdade do Evangelho
Muitos escritores afirmam que povos perdidos frequentemente rejeitam nossas armadilhas
para o evangelho como se rejeitassem a Cristo. Jesus está tão escondido dentro do nosso
pacote cultural e teológico (incluindo o materialismo, o farisaísmo, o
denominacionalismo, etc.) que aparentemente eles não têm a menor chance de ouvir o
evangelho básico. Um dos principais desafios na evangelização dos não alcançados é estar
disposto a abrir mão da bagagem cristã étnica e cultural na luta por um padrão da verdade
biblicamente necessária para anunciar o evangelho e fazer discípulos dos não alcançados.
Batalhas teológicas entre nós mesmos: Diferentes perspectivas sobre evangelismo e
escatologia têm trazido concepções erradas e divisões para a comunidade cristã,
ocasionando gastos de energia que poderia ser usada para o ministério. A maioria dos que
trabalham em missões concordam que ?palavra? e ?obras? devem andar de mãos dadas.5
Entretanto, na falta de diálogo que leve a um entendimento mútuo, diferentes opiniões
sobre como seria isso na prática, geram caricaturas inúteis6 de todos os lados da conversa.
5
E muitos acrescentariam também ?maravilhas?.
6
Caricaturas são criadas quando características específicas ou peculiaridades de qualquer questão são
exageradas, produzindo um efeito obviamente tolo ou grotesco.
© The Lausanne Movement 2010
O que significa dar testemunho das Boas Novas? Frequentemente, aquelas pessoas
concentrados na urgência para apresentar a mensagem verbal de salvação caracterizam-se
por promover um evangelho exageradamente simplista e truncado, enquanto aqueles
concentrados na prioridade da justiça e renovação social são vistos como se desviando da
principal tarefa que Jesus deu a seus discípulos, de apresentar a mensagem de salvação
pessoal.
Diferentes visões escatológicas seguem o mesmo viés. Alguns tomam Mateus 24:14 como
base para a construção da teologia e da estratégia missionária: ?E este evangelho do Reino
será pregado em todo mundo como testemunho a todas as nações, e então virá o fim?. Para
estes, a pergunta fundamental é: O que podemos fazer para evangelizar o mundo mais
rapidamente e apressar a volta do Senhor? Outros estão cansados do que parece ser
ministério e teologia simplistas, e questionam se podemos apressar a volta do Senhor com
nossos esforços. Estes também questionam se grandes estratégias para evangelizar o
mundo são lideradas pelo Espírito Santo ou por um espírito empreendedor. Alguns não
conseguem imaginar o exercício do ministério sem contextualização e reflexão teológicas
corretas, enquanto outros questionam se tanta teoria resulta em ação.
UM CAMINHO ADIANTE
Se urgência estiver relacionada apenas a tempo, e evangelismo estiver restrito a
proclamação verbal, com certeza está errado.Se urgência estiver relacionada a questões
sociais e de justiça e evangelismo estiver restrito a obras, também não está correto. Mas
existe um caminho que oferece uma síntese significativa, construída sobre as seguintes
convicções:
Mateus 24:14 é uma declaração do que Deus fará e do que acontecerá quando o
corpo de Cristo for obediente. Deus procura pessoas que estejam na linha de frente com
Ele no cumprimento do Seu plano. Mas nossa desobediência pode atrasar este
cumprimento. Israel experimentou isso com os 10 espias e os 40 anos de atraso causados
pela desobediência deles, gerada pela timidez e rebelião.
Deste modo, discipulado baseado na obediência é essencial. A não ser que a produção
de congregações de discípulos obedientes seja para ajudar a transformar a sociedade,
nossos esforços não são apenas errados, mas eles são falsos. O mandamento de Jesus é
para fazer discípulos de grupos de povos (ethne), não para criar clubes que se reúnem aos
domingos.
Embora o processo de discipulado seja sempre custoso, e leve uma vida inteira para ser
totalmente desenvolvido, mudanças reais podem começar rapidamente, à medida que os
seguidores são ensinados a obedecer em palavra e ação nas suas comunidades. Na China,
Sul da Ásia e África surgiram movimentos eficientes, rápidos, profundos e
transformadores. (veja abaixo)
O chamado do Espírito é para servi-lo com amplitude, mesmo que cada um de nós o
sirva num pequeno ambiente . Deus é um Deus de ordem e é capaz de liderar pequenos e
grandes planejamentos. Entretanto, qualquer plano que não seja inspirado pelo Espírito
Santo é inútil.
Na essência, o fato do “um quarto do mundo esquecido” estar deixando de viver a
alegria e o amor de Jesus por mais um dia, deve criar em nós um senso de urgência.
A nossa urgência vem do fato de que amamos Jesus tão profundamente que queremos
apresentá-lo para todos os grupos de povos o mais rápido possível –– para que tenham
acesso à vida abundante que existe em Jesus agora e na eternidade e para que saiam dessa
© The Lausanne Movement 2010
vida enfraquecida e fútil que é viver sem Ele (Efésios 4.19).
Lições Sendo Aprendidas
O desafio de atingir estes Povos Não Alcançados é muito grande. Alguns têm repensado
radicalmente sobre suas abordagens e orado fervorosamente por inovações que levem a
um discipulado profundo, transformador e que atinja a comunidade. Algumas das lições
aprendidas a partir dessas novas abordagens para ministrar entre os menos alcançados são
contraintuitivas e desafiam a sabedoria missiológica convencional7.
1. Aquelas que parecem ser as pessoas erradas com quem se deve começar podem
ser as pessoas certas
Vá devagar para poder ir rápido.
Focalize em poucos (ou em um) para ganhar muitos
Sem evangelismo pessoal para que muitos ouçam. Sem evangelismo em massa
para que as massas ouçam.
Compartilhe apenas quando e onde as pessoas estiverem prontas para ouvir.
Uma pessoa de dentro, nova e inexperiente,é mais eficiente do que uma pessoas
que vem de fora, altamente treinada e madura.
2. Confie que as Escrituras falam (mesmo entre aqueles que não têm histórico
bíblico)
Comece com a Criação e não com Cristo.
O importante é descobrir, não pregar nem ensinar.
A obediência é mais importante do que o conhecimento.
3. Confie nas pessoas comuns para fazer coisas incomuns
Discipule para converter e não converta para discipular.
Concentre-se em pessoas comuns, não em cristãos vocacionados ou profissionais.
Deixe o perdido liderar os estudos bíblicos.
4. Espere resultados através da multiplicação e não da adição
A melhor hora para uma igreja plantar uma igreja nova é quando ela é nova.
Prédios matam o plantio da igreja.
5. Espere vir dos lugares mais difíceis os melhores resultados
Refletir sobre essas lições pode capacitar-nos como representantes do Corpo global de
Cristo para sermos catalisadores em ministérios eficazes no meio dos Povos Não
Alcançados do Mundo. Ao considerarmos o nosso próprio contexto, quais dessas lições
contraintuitivas podem ser adaptadas e aplicadas aos ministérios nos quais já estamos
envolvidos?
Movimentos Transformacionais para Cristo
O resultado da aplicação dessas lições é que coisas maravilhosas estão acontecendo entre
os povos menos alcançados, principalmente na China, Sul da Ásia e África. Deus está
levantando grupos multiplicadores de pessoas que obedecem a Cristo, os quais estão
transformando suas comunidades, sobre as quais não pesam custos com a manutenção de
programas, de prédios e administrativos. Mais de 100 destes movimentos surgiram nos
7
These counterintuitive statements from various Church Planting Movements around the world have been
compiled by David Watson. We hope to have a fuller document available soon: “Counter-Intuitive Lessons
Learned from Least-Reached Peoples.”
© The Lausanne Movement 2010
últimos anos.
Estes movimentos centrados em Cristo, também chamados de Movimentos de Plantio
de Igrejas (Church Planting Movements-CPMs), combinam todos os aspectos do
evangelho — transformação social abrangente, divulgação verbal do Evangelho,
discipulado baseado na obediência, milagres, adoração e outros. Por exemplo, em
alguns lugares da América Latina, as igrejas em células iniciaram oferecendo
assistência médica, social e educacional, que não era suprida pelos governos. (Jenkins,
The Next Christendom).
Três características destes movimentos são: reprodutibilidade, malha sinérgica de
ministérios e sacrifício e dificuldade (ver Garrison, Church Planting Movements-
Movimentos de Plantio de Igrejas). Quando testemunhas transculturais entram em um
grupo e as pessoas respondem, surgem novas congregações de discípulos, geralmente
reunindo-se em lares. Estas congregações são ensinadas a obedecer às Escrituras, a
iniciar novas congregações e a ministrar em suas comunidades e além delas. Os
discípulos que emergem são treinados para ser líderes em suas congregações e
comunidades, e a começar a treinar outros líderes imediatamente que, por sua vez,
treinarão outros líderes. Para mais informações sobre as características dos
movimentos transformacionais de plantio de igreja amplamente documentados em
vários contextos espalhados pelo globo, leia os artigos abaixo:
• ?Church planting movements defined?
(Movimentos de Plantio de Igrejas Definidos)
• ?World A, B & C?
(Mundo A, B e C)
• ?Church planting movements: 10 universals, 10 common elements, 7 killers?
(Movimentos de Plantio de Igrejas: 10 universais, 10 elementos comuns, 7
letais)
• ?Church planting movements then and now?
(Movimentos de Plantio de Igrejas como eram e como são)
O que Deus Está Fazendo no Mundo Hindu
(2622 Povos Não Alcançados, 987 milhões de pessoas8)
Nepal: A mais recente inovação no Nepal, que transpõe grandes barreiras em todo o país é
uma das obras maravilhosas de Deus. Não há registro de nenhum crente em 1950. A
primeira igreja foi formada em 1959 com 29 fiéis9; em 1970, havia aproximadamente
7.400 cristãos10, em 1985 havia cerca de 50 mil crentes. No auge da perseguição em 1990
havia 200 mil11, 574 mil em 2000; 904 mil em 2010.12
Índia: Em um lugar historicamente conhecido como ?cemitério missionário?, um
movimento de plantio de igrejas entre o povo Bhojpuri há mais de 20 anos resultou em
mais de 80 mil novas igrejas e 4 milhões de crentes obedientes13batizados, .
8 Joshua Project (www.joshuaproject.net/great-commission-statistics.php)
9 Operation World (www.operationworld.org/country/nepa/owtext.html)
10 World Christian Database
11 Operation World (www.operationworld.org/country/nepa/owtext.html)
12 World Christian Database
13
A Survey and Analysis of the Bhojpuri Church Planting Movement in Uttar Pradesh and Bihar, Northern
India, October 2008. Esta foi uma pesquisa conjunta organizada por CityTeam, Asian Partners, IMB, OM e
outros parceiros locais.
© The Lausanne Movement 2010
Estado Madhya Pradesh, na Índia: um movimento de plantio de igrejas produziu 4.000
congregações em sete anos14.
O Que Deus está fazendo no mundo budista (575 Povos Não Alcançados ou Perdidos,
617 milhões de indivíduos)15
Mongólia: Em 1989 talvez fossem encontrados apenas quatro ex-budistas. Um
movimento de plantio de igreja em 1990 no interior da Mongólia produziu mais de
10.000 seguidores de Jesus, enquanto um movimento subsequente na parte central da
Mongólia resultou em mais de 50.000 novos convertidos16.
Tailândia: Na Tailândia central um trabalhador iniciou um desenvolvimento comunitário e
econômico e deu continuidade com o plantio intencional de igreja, liderando o início da
transformação na comunidade local.
O que Deus está fazendo na China
Em 1949 havia aproximadamente 1.5 milhão de protestantes na China. Hoje é provável
que haja mais de 100 milhões ou mais de cristãos 17, que cresceram em número através
do sacrifício e compromisso deles, de compartilhar sua fé, oração e adoração, apesar
da perseguição.
Na província de Henan, seguidores de Cristo cresceram do número total de um milhão
para mais de cinco milhões em apenas oito anos18.
No sul da China, um movimento de plantio de igreja produziu mais de 90.000
batizados em 920 igrejas nos lares, em um período de oito anos 19.
Em 2001, um novo movimento de plantio de igrejas surgiu, originando 48.000 novos
convertidos em 1.700 novas igrejas em um ano 20.
O que Deus está fazendo na África21
No ultimo século, o número de convertidos aumentou de nove milhões para mais de
360 milhões.
A cada mês, aproximadamente 1.200 novas igrejas são iniciadas na África.
Em oito meses, 28 evangelistas etíopes levaram 681 pessoas a Cristo e iniciaram 83
novas igrejas.
Hoje, depois de anos de resistência ao evangelho, cerca de 90.000 dos 600.000 masais
do Quênia são seguidores de Jesus Cristo.
O que Deus está fazendo no mundo muçulmano (3354 Povos Perdidos ou Não
Alcançados, 1.46 bilhões de indivíduos22)
14
David Garrison, Church Planting Movements, How God Is Redeeming a Lost World, (Midlothian, VA:
Wigtake Press, 2004), 36.
15 Joshua Project (www.joshuaproject.net/great-commission-statistics.php)
16 Garrison, 68.
17
World Christian Database (Banco de Dados Cristão Mundial) registra 114 milhões de cristãos na China
em 2010.
18
19
Garrison, 53
Ibid., 49
20 Ibid.
21 Ibid., 85
22 Joshua Project (www.joshuaproject.net/great-commission-statistics.php)
© The Lausanne Movement 2010
Turquia: Em 1960 têm-se conhecimento de que havia 10 convertidos. No ano de 2000
havia aproximadamente 2.000. O World Christian Database aponta 14.000 convertidos em
2010 23. Embora muitos vejam abertura, ainda existe um longo caminho até lá.
Bangladesh: De 1998 a 2003, o Movimento Isa Jamaat produziu mais de 250.000
convertidos com histórico muçulmano adorando em aproximadamente 8.000 igrejas
contextualizadas.24
Península Árabe: Desde que se iniciaram os esforços de Samuel Zwemer em 1890, os
progressos nesta área foram lentos. Orações por esta área desde 1990 trouxeram algum
resultado. Apesar dos desafios, existe um número estimado de mais de74.000 convertidos
na Península Árabe 25.
PARE A INJUSTIÇA ESPIRITUAL
Embora estas histórias seja encorajadoras, mais de um quarto dos povos do mundo ainda
não tiveram oportunidade de ouvir a mensagem do amor de Deus e vê-lo colocado na
prática. Poderíamos chamar pura e simplesmente de ?injustiça espiritual?, esta falta de
resposta da nossa parte, que leva a sofrimento e desesperança desnecessários da parte
deles,? Hoje, muitos Povos Perdidos não têm nenhuma escolha no que se refere ao
evangelho. Mas, mesmo assim, eles ainda têm que seguir Aquele que disse: ?Siga-me?.
Não porque eles tenham rejeitado o chamado dEle, porque eles nunca ouviram sobre o
evangelho.
Quando alguém desaparece, principalmente crianças e jovens, toda a comunidade se
mobiliza na busca pelo perdido. Por que isso não acontece com todos estes Povos
Perdidos? O que dizer das prioridades da Igreja global, quando 3% dos trabalhadores e
menos de 1% dos recursos para missões são investidos na busca pelos Povos Perdidos?
A maioria das pessoas se converte através do relacionamento com alguém que conhece e
em quem confia. Entretanto, de 10 muçulmanos, hindus e budistas, mais de 8 não
conhecem pessoalmente, um único seguidor de Cristo Quais são as implicações disso para
o Reino? Cada dia que passa sem alcançarmos com amizade estas Pessoas Perdidas,
significa que elas estão perdendo a oportunidade que todos nós já temos — de conhecer
Jesus pessoalmente, ser cheio da Sua alegria e paz, ter o Espírito Santo dentro de nós, ter
vida abundante e o Seu poder para ajudar a mudar a sociedade.
Imagine o impacto, se em vez de apenas continuar justificando nossas arenas de atuação
ministerial, investíssemos nossas energias combinadas para combater essa injustiça e
disséssemos: ?Sim, nós, como igreja mundial não vamos permitir que isto continue.?
PERDIDOS E ACHADOS? AINDA NÃO!
Vocês se lembram da visão que o Apóstolo João teve do Cordeiro que foi morto? Mais
tarde ele teve outra visão, de uma ?grande multidão... de todas as nações, tribos, povos e
línguas, em pé, diante do trono e do Cordeiro... e o servem dia e noite em seu santuário, e
aquele que está assentado no trono estenderá sobre eles o seu tabernáculo. Nunca mais
terão fome, nunca mais terão sede. Não os afligirá o sol, nem qualquer calor abrasador,
pois o Cordeiro que está no centro do trono será o seu Pastor, Ele os guiará às fontes de
água viva. E Deus enxugará dos seus olhos toda lágrima? (Apocalipse 7:9-17)
Que figura linda! Mas vocês perceberam o trauma que precede o triunfo tão poderoso
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World Christian Database
Kevin Greeson, Camel Training Manual, (Midlothian, VA:Wigtake Press, 2004), 12
World Christian Database
© The Lausanne Movement 2010
desta visão? Essas pessoas estavam com fome e com sede. Eles não tinham alimento nem
água limpa suficientes. O sol os tinha abatido com calor causticante. Eles estavam sem
proteção dos elementos da natureza. Eles não tinham pastor para levá-los para águas
frescas. Eles tiveram muito porque chorar. Essa é uma descrição impactante dos Povos
Perdidos do mundo de hoje.
Leia novamente as palavras de Ralph Winter no Primeiro Congresso Lausanne de 1974:
Devemos fazer novos esforços radicais de evangelismo transcultural para
efetivamente testemunhar para 2387 milhões de pessoas. Não podemos crer
que continuaremos virtualmente ignorando esta alta prioridade.26
Não podemos nos dar ao luxo de continuar ignorando estas pessoas. Mas é exatamente
isso o que tem acontecido. Depois de 36 anos, aqueles mesmos grupos continuam sendo
Povos Perdidos.
No último grande encontro Lausanne, no Fórum de 2004 em Pattaya, na Tailândia, os
participantes afirmaram que:
Grandes esforços da igreja devem ser dirigidos para aqueles que não têm
acesso ao evangelho. O compromisso de estabelecer igrejas
autossustentáveis em 6000 povos não alcançados continua sendo uma
prioridade central. [destaque nosso]
O que podemos dizer hoje se nosso ?compromisso de ajudar a estabelecer igrejas
autossustentáveis em 6000 grupos de povos não alcançados? teve um impacto tão baixo no
nosso comportamento ou nessas comunidades?
O que é necessário para que façamos desta, a nossa verdadeira prioridade central de
missão no movimento Lausanne e na igreja mundial? Que tipo de compromisso estamos
dispostos a assumir — individual, organizacional, regional ou coletivo?
O que é necessário para recolocarmos os recursos disponíveis que temos para que estes
Povos Perdidos não tenham mais que passar pela desesperança e vida sem Cristo agora e
na eternidade? Quais relacionamentos, habilidades, capacidades, intercessões e influências
estamos dispostas a assumir?
E finalmente, o que é necessário para que façamos deste, o último Congresso Lausanne
no qual precisemos dar ênfase aos Povos Perdidos? Não porque desistimos ou viramos as
costas para eles, mas porque não são mais perdidos e tomaram o seu lugar ao redor do
trono para servir ao nosso Deus.
Os dois bilhões de pessoas que compõem este grupo não sabem que estão perdidos, mas
Jesus o sabe. Ele conhece cada um pelo nome e convida-nos a unirmo-nos a Ele em
lugares como Índia, Paquistão, China, Nepal e Bangladesh, onde vive a maior
concentração de povos não alcançados — transpondo barreiras transculturais, linguísticas,
desconforto e perigo e a grande distância, para sermos amigos deles e compartilharmos
com eles as boas novas do Reino.
Por que deveríamos fazer isto?
Não por que é nosso dever,
Apesar de ser.
Não porque vai trazer vida eternal para muitos,
Apesar de que trará.
Não porque dará melhores condições de vida ao pobre,
26
?The New Macedonia,? Lausanne Conference on World Evangelization, 1974.
© The Lausanne Movement 2010
Apesar de que dará.
Não porque promoverá mais estabilidade às instituições mundiais,
Apesar de promover.
Não porque melhorará a mordomia ambiental,
Apesar de melhorar.
Não porque seremos recompensados,
Apesar de que seremos.
Devemos discipular as nações porque Jesus é digno de receber deles honra, glória e
louvor.” (Apocalipse 5:12 e 7:9)
From Joshua Project, ?Status of World Evangelization – 2004
(do Projeto Josué, Status da Evangelização Mundial – 2004)
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